Wednesday, August 22, 2007

Deveres do Médium

Muitas vezes os filhos e filhas de santo não têm a mínima idéia da postura que precisam adotar em suas tendas ou terreiros, ou por não serem bem orientados ou porque realmente não se interessam. Por vezes preocupam-se mais em nutrir sentimentos inadequados como CIÚMES e INVEJA. Vejamos o que de fato deve prevalecer para que haja uma plena sintonia entre o comando e o corpo mediúnico:

PONTUALIDADE E ASSIDUIDADE, salvo para aqueles que têm compromissos outros como trabalho e família, mas que mesmo assim devem manter comunicação constante com a direção da casa para comunicar/justificar atrasos e faltas.

CONCENTRAÇÃO para poder auxiliar de fato aos trabalhos; aqueles que trabalham mediunizados, para poderem alcançar perfeita harmonia com suas entidades e transmitirem o que tiverem de melhor. Cambonos e macambas, que em 99% das casas ficam "voando", ocupando-se com inutilidades e conversas paralelas e não tomam as rédeas que seus postos exigem, também são muito importantes no funcionamento de uma gira, mais do que eles próprios se consideram. Incorporar não dá status a ninguém. A seriedade empregada nos afazeres atribuídos é indispensável. Precisamos trabalhar o mental o tempo todo para não abrirmos a guarda para a atuação de energias negativas. ORAI E VIGIAI.

DEVOÇÃO SEM FANATISMO, pois muitos idealizam que pais/mães de santo são tábua de salvação, querem que estes resolvam seus problemas mais prosaicos a qualquer custo. Nossas conquistas só têm o real valor quando adquiridas pelo nosso próprio esforço, daí vem o merecimento. E mais: pais e mães de santo são pessoas comuns, têm vida particular, adoecem, podem levantar da cama de mau humor. ÀS VEZES, SÃO ELES QUE PRECISAM DE UM AFAGO, UMA PALAVRA AMIGA, UM COLO, mas raramente aqueles que os procuram se dão conta disso. Não temos o direito de sugar-lhes as energias apenas por banalidades ou caprichos. Dirigir casa de santo requer cuidar de filhos e filhas, cada qual com seu enredo de orixá, tipo de mediunidade etc; atender consulentes; defender-se de demandas, entre outras responsabilidades. Resumindo: NÃO É FÁCIL! Precisamos aprender a respeitar os limites de cada um, afinal somos seres humanos, encarnados num plano cuja jornada é tarefa árdua, mas não impraticável.

INSTRUÇÃO, pois o médium precisa compreender aquilo que está se propondo a praticar. Ler bons livros, que realmente lhe esclareçam o porquê de sua existência na Terra, da interação com o mundo espiritual, entre outros tópicos de suma importância. Preocupar-se apenas em aprender mandingas e encantamentos não é o essencial para a evolução. Quando não souberem ou não compreenderem algo, não se acanhem de perguntar, ter dúvidas não é motivo de vergonha.

REFORMA ÍNTIMA, porque de nada adianta vestir a roupa branca, bater cabeça aos pés do gongá, arriar agrados para exprimir devoção aos Orixás e entidades se nossa vida cotidiana não reflete a realidade, que seria aplicarmos as inspirações benéficas que eles nos trazem. É necessária uma auto-avaliação constante, para depurarmos hábitos e atitudes e nos policiarmos para ver se realmente somos aquilo que pregamos.

Somando tudo isso, é certo que estaremos no caminho ideal para o cumprimento de nossas obrigações como UMBANDISTAS.

Que Oxalá nos abençoe! Axé e saravá a todos!

Objetivo da Encarnação

132. Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?

“Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.” A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Deus, porém, na sua sabedoria, quis que nessa mesma ação eles encontrassem um meio de progredir e de se aproximar dele. Deste modo, por uma admirável lei da Providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.”

133. Têm necessidade de encarnação os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem?

“Todos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a uns, sem fadigas e trabalhos, conseguintemente sem mérito.”

a) — Mas, então, de que serve aos Espíritos terem seguido o caminho do bem, se isso não os isenta dos sofrimentos da vida corporal?

“Chegam mais depressa ao fim. Demais, as aflições da vida são muitas vezes a conseqüência da imperfeição do Espírito. Quanto menos imperfeições, tanto menos tormentos. Aquele que não é invejoso, nem ciumento, nem avaro, nem ambicioso, não sofrerá as torturas que se originam desses defeitos.”

(FONTE: KARDEC, Allan - "O Livro dos Espíritos" - Parte Segunda - Capítulo II. ILUSTRAÇÃO: DALI, Salvador - "A Persistência da Memória)

União Da Alma E Do Corpo

344. Em que momento a alma se une ao corpo?

“A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção, o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais se vai apertando até ao instante em que a criança vê a luz. O grito, que o recém-nascido solta, anuncia que ela se conta no número dos vivos e dos servos de Deus.”

345. É definitiva a união do Espírito com o corpo desde o momento da concepção? Durante esta primeira fase, poderia o Espírito renunciar a habitar o corpo que lhe está destinado?

“É definitiva a união, no sentido de que outro Espírito não poderia substituir o que está designado para aquele corpo. Mas, como os laços que ao corpo o prendem são ainda muito fracos, facilmente se rompem e podem romper-se por vontade do Espírito, se este recua diante da prova que escolheu. Em tal caso, porém, a criança não vinga.”

346. Que faz o Espírito, se o corpo que ele escolheu morre antes de se verificar o nascimento?

“Escolhe outro.”

a) — Qual a utilidade dessas mortes prematuras?

“Dão-lhes causa, as mais das vezes, as imperfeições da matéria.”

347. Que utilidade encontrará um Espírito na sua encarnação em um corpo que morre poucos dias depois de nascido?

“O ser não tem então consciência plena da sua existência. Assim, a importância da morte é quase nenhuma. Conforme já dissemos, o que há nesses casos de morte prematura é uma prova para os pais.”

348. Sabe o Espírito, previamente, que o corpo de sua escolha não tem probabilidade de viver?

“Sabe-o algumas vezes; mas, se nessa circunstância reside o motivo da escolha, isso significa que está fugindo à prova.”

351. No intervalo que medeia da concepção ao nascimento, goza o Espírito de todas as suas faculdades?

“Mais ou menos, conforme o ponto, em que se ache, dessa fase, porquanto ainda não está encarnado, mas apenas ligado. A partir do instante da concepção, começa o Espírito a ser tomado de perturbação, que o adverte de que lhe soou o momento de começar nova existência corpórea. Essa perturbação cresce de contínuo até ao nascimento. Nesse intervalo, seu estado é quase idêntico ao de um Espírito encarnado durante o sono. À medida que a hora do nascimento se aproxima, suas idéias se apagam, assim como a lembrança do passado, do qual deixa de ter consciência na condição de homem, logo que entra na vida. Essa lembrança, porém, lhe volta pouco a pouco ao retornar ao estado de Espírito.”

353. Não sendo completa a união do Espírito ao corpo, não estando definitivamente consumada, senão depois do nascimento, poder-se-á considerar o feto como dotado de alma?

“O Espírito que o vai animar existe, de certo modo, fora dele. O feto não tem pois, propriamente falando, uma alma, visto que a encarnação está apenas em via de operar-se. Achasse, entretanto, ligado à alma que virá a possuir.”

355. Há, de fato, como o indica a Ciência, crianças que já no seio materno não são vitais? Com que fim ocorre isso?

“Freqüentemente isso se dá e Deus o permite como prova, quer para os pais do nascituro, quer para o Espírito designado a tomar lugar entre os vivos.”

356. Entre os natimortos alguns haverá que não tenham sido destinados à encarnação de Espíritos?

“Alguns há, efetivamente, a cujos corpos nunca nenhum Espírito esteve destinado. Nada tinha que se efetuar para eles. Tais crianças então só vêm por seus pais.”

a) — Pode chegar a termo de nascimento um ser dessa natureza?

“Algumas vezes; mas não vive.”

b) — Segue-se daí que toda criança que vive após o nascimento tem forçosamente encarnado em si um Espírito?

“Que seria ela, sé assim não acontecesse? Não seria um ser humano.”

357. Que conseqüências tem para o Espírito o aborto?

“É uma existência nulificada e que ele terá de recomeçar.”

358. Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação?

“Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando.”

(FONTE: KARDEC, Allan – ‘O Livro dos Espíritos’ – Parte 2ª – Capítulo VII / Leitura complementar indicada: XAVIER, Francisco Cândido - 'O Nosso Lar' - Capítulo 31)

Anjos da Guarda. Espíritos Protetores, Familiares ou Simpáticos

489. Há Espíritos que se liguem particularmente a um indivíduo para protegê-lo?

"Há o irmão espiritual, o que chamais o bom Espírito ou o bom gênio."

490. Que se deve entender por anjo de guarda ou anjo guardião?

"O Espírito protetor, pertencente a uma ordem elevada."

491. Qual a missão do Espírito protetor?

"A de um pai com relação aos filhos; a de guiar o seu protegido pela senda do bem, auxiliá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições, levantar-lhe o ânimo nas provas da vida."

492. O Espírito protetor se dedica ao indivíduo desde o seu nascimento?

"Desde o nascimento até a morte e muitas vezes o acompanha na vida espírita, depois da morte, e mesmo através de muitas existências corpóreas, que mais não são do que fases curtíssimas na vida do Espírito."

493. É voluntária ou obrigatória a missão do Espírito protetor?

"O Espírito fica obrigado a vos assistir, uma vez que aceitou esse encargo. Cabe-lhe, porém, o direito de escolher seres que lhe sejam simpáticos. Para alguns, é um prazer; para outros, uma missão ou dever."

494. O Espírito protetor fica fatalmente preso à criatura confiada à sua guarda?

"Freqüentemente sucede que alguns Espíritos deixam suas posições de protetores para desempenhar diversas missões. Mas, nesse caso, outros os substituem."

495. Poderá dizer-se que o Espírito protetor abandone o seu protegido, por se lhe mostrar este rebelde aos conselhos?

"Afasta-se, quando vê que seus conselhos não inúteis e que mais forte é, no seu protegido, a decisão de submeter-se à influência dos Espíritos inferiores. Mas, não o abandona completamente e sempre se faz ouvir. É então o homem quem tapa os ouvidos. O protetor volta desde que este o chame. (...)

496. O Espírito, que abandona seu protegido, que deixa de lhe fazer o bem, pode fazer-lhe mal?

"Os bons Espíritos nunca fazem mal. Deixam que o façam aqueles que lhes tomam o lugar. Costumais então lançar à conta da corte as desgraças que vos acabrunham, quando só as sofreis por culpa vossa."

497. Pode um Espírito protetor deixar o seu protegido à mercê de outro Espírito que lhe queira fazer mal?

"Os maus Espíritos se unem para neutralizar a ação dos bons. Mas, se o quiser, o protegido dará toda a força ao seu protetor. Pode acontecer que o bom Espírito encontre alhures uma boa-vontade a ser auxiliada. Aplica-se então em auxiliá-la, aguardando que seu protegido lhe volte."

498. Será por não poder lutar contra Espíritos malévolos que um Espírito protetor deixa que seu protegido se transvie na vida?

"Não é porque não possa, mas porque não quer. E não quer, porque das provas sai o seu protegido mais instruído e perfeito. Assiste-o sempre com seus conselhos, dando-os por meio dos bons pensamentos que lhe inspira, porém quase nunca são atendidos. A fraqueza, o descuido ou o orgulho do homem são exclusivamente o que empresta força aos maus Espíritos, cujo poder todo advém do fato de lhes não opordes resistência."

499. O Espírito protetor está constantemente com o seu protegido? Não haverá alguma circunstância em que, sem abandoná-lo, ele o perca de vista?

"Há circunstâncias em que não é necessário esteja o Espírito protetor junto do seu protegido."

500. Momentos haverá em que o Espírito deixe de precisar, de então por diante, do seu protetor?

"Sim, quando ele atinge o ponto de poder guiar-se a si mesmo, como sucede ao estudante, para o qual um momento chega em que não mais precisa de mestre. Isso, porém, não se dá na Terra."

501. Por que é oculta a ação dos Espíritos sobre a nossa existência e por que, quando nos protegem, não o fazem de modo ostensivo?

"Se vos fosse dado contar sempre com a ação deles, não obraríeis por vós mesmos e o vosso Espírito não progrediria. Para que este possa adiantar-se, precisa de experiência, adquirindo-a freqüentemente à sua custa. É necessário que exercite suas forças, sem o que, seria como a criança a quem não consentem que ande sozinha. A ação dos Espíritos que vos querem bem é sempre regulada da maneira que não vos tolha o livre arbítrio, porquanto, se não tivésseis responsabilidade, não avançaríeis na senda que vos há de conduzir a Deus. Não vendo quem o ampara, o homem se confia às suas próprias forças. Sobre ele, entanto, vela o seu guia e, de tempos a tempos, lhe brada, advertindo-o do perigo."

502. O Espírito protetor, que consegue trazer ao bom caminho o seu protegido, lucra algum bem para si?

"Constitui isso um mérito que lhe é levado em conta, seja para o seu progresso, seja para a sua felicidade. Sente-se ditoso quando vê bem sucedidos os seus esforços, o que representa, para ele, um triunfo, como triunfo é, para um preceptor, os bons êxitos do seu educando."

a) É responsável pelo mau resultado de seus esforços?

"Não, pois que fez o que de si dependia."

503. Sofre o Espírito protetor quando vê que seu protegido segue mau caminho, não obstante os avisos que dele recebe? Não há aí uma causa de turbação da sua felicidade?

"Compungem-no os erros do seu protegido, a quem lastima. Tal aflição, porém, não tem analogia com as angústias da paternidade terrena, porque ele sabe que há remédio para o mal e que o que não se faz hoje, amanhã se fará." (...)

511. A cada indivíduo achar-se-á ligado, além do Espírito protetor, um mau Espírito, com o fim de impeli-lo ao erro e de lhe proporcionar ocasiões de lutar entre o bem e o mal?

"Ligado, não é o termo. É certo que os maus Espíritos procuram desviar do bom caminho o homem, quando se lhes depara ocasião. Sempre, porém, que um deles se liga a um indivíduo, fá-lo por si mesmo, porque conta ser atendido. Há então luta entre o bom e o mau, vencendo aquele por quem o homem se deixe influenciar."

512. Podemos ter muitos Espíritos protetores?

"Todo homem conta sempre com Espíritos, mais ou menos elevados, que com ele simpatizam, que lhe dedicam afeto e por ele se interessam, como também tem junto de si outros que o assistem no mal."

513. Os Espíritos que conosco simpatizam atuam em cumprimento de missão?

"Não raro, desempenham missão temporária; porém, as mais das vezes, são apenas atraídos pela identidade de pensamentos e sentimentos, assim para o bem como para o mal."

a) Parece lícito inferir-se daí que os Espíritos a quem somos simpáticos podem ser bons ou maus, não?

"Sim, qualquer que seja o seu caráter, o homem sempre encontra Espíritos que com ele simpatizem."

(FONTE: KARDEC, Allan – ‘O Livro dos Espíritos’ – Parte Segunda - Capítulo IX – Item 3)

Allan Kardec - "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei."

O pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido pelo pseudônimo Allan Kardec, (Lyon, 03/10/1804 - Paris, 31/03/1869) foi o codificador da Doutrina Espírita, uma corrente de pensamento nascida em meados do século XIX que se estruturou a partir de diálogos estabelecidos entre Allan Kardec e o que ele e muitos pesquisadores da época concluíram tratarem-se de espíritos de pessoas falecidas (desencarnados), a manifestar-se através de diversos médiuns.

Caracteriza-se pelo ideal de compreensão da realidade mediante a integração entre as três formas clássicas de conhecimento, que são o científico, o filosófico e o religioso. Cada uma delas, se tomada isoladamente, tenderia a conduzir a excessos de ceticismo, negação ou fanatismo. A doutrina espírita objetiva estabelecer um diálogo entre elas, visando, com isso, à obtenção de uma forma original, a um só tempo mais abrangente e profunda, de compreender a realidade.

Em 1854, o estudioso ouviu falar pela primeira vez do fenômeno das "mesas girantes", bastante difundido à época, através do seu amigo Fortier, um magnetizador de longa data. Sem dar muita atenção ao relato naquele momento, atribuindo-o somente ao chamado magnetismo animal de que era estudioso, só em maio de 1855 sua curiosidade se volta efetivamente para as mesas, quando começa a freqüentar reuniões em que tais fenômenos se produziam. Convencendo-se de que o movimento e as respostas complexas das mesas eram devidas à intervenção de espíritos, Rivail dedicou-se à estruturação de uma proposta de compreensão desta realidade e adota, para essa tarefa, o pseudônimo que o tornaria conhecido - Allan Kardec - nome esse, segundo um espírito, de uma sua possível encarnação anterior, como druida. Abaixo relacionam-se as cinco obras básicas da Codificação:

O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Apresenta-se na forma de perguntas, dirigidas ao que Kardec defendia serem espíritos, e respostas, totalizando 1.019 tópicos. A obra se divide em quatro "livros", como comumente se dividiam as obras filosóficas à época, que tratam respectivamente:

Das causas primárias - abordando as noção de divindade, Criação e elementos fundamentais do Universo. Do mundo dos Espíritos - analisando a noção de Espírito e toda a série de imperativos que se ligam a esse conceito, a finalidade de sua existência, seu potencial de auto-aperfeiçoamento, sua pré e sua pós-existência e ainda as relações que estabelece com a matéria.

Das leis morais - trabalhando com o conceito de Leis de ordem Moral a que estaria submetida toda a Criação, quais sejam as leis de: adoração, trabalho, reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade e justiça, amor e caridade.

Das esperanças e consolações - concluindo com ponderações acerca do futuro do homem, seu estado após a morte, as alegrias e obstáculos que encontra no além-túmulo.

EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - avalia os evangelhos canônicos sob a óptica da Doutrina Espírita, tratando da aplicação dos princípios da moral cristã e de questões de ordem religiosa como a prática da adoração, da prece e da caridade. Obra que dá maior enfoque a questões éticas e comportamentais do ser humano.

O LIVRO DOS MÉDIUNS - estudo analítico das diversas modalidades de comunicação estabelecidas entre homens e espíritos.

O CÉU E O INFERNO OU A JUSTIÇA DIVINA SEGUNDO O ESPIRITISMO - Compõe-se de duas partes: na primeira, Kardec realiza um exame crítico da doutrina católica sobre a transcendência, procurando apontar contradições filosóficas e incoerências com o conhecimento científico superáveis, segundo ele, mediante o paradigma espírita da fé raciocinada. Na segunda, constam dezenas de diálogos que teriam sido estabelecidos entre Kardec e diversos espíritos, nos quais estes narram as impressões que trazem do além-túmulo.

A GÊNESE, OS MILAGRES E AS PREDIÇÕES SEGUNDO O ESPIRITISMO - aborda diversas questões de ordem filosófica e científica, como a criação do universo, a formação dos mundos, o surgimento do espírito, segundo o paradigma espírita de compreensão da realidade.

Na ocasião do sepulcro de Allan Kardec, eis as palavras de seu amigo astrônomo Camille Flammarion: "Voltaste a esse mundo donde viemos e colhes o fruto de teus estudos terrestres. Aos nossos pés dorme o teu envoltório, extinguiu-se o teu cérebro, fecharam-se os olhos para não mais se abrirem, não mais ouvida será a tua palavra... Sabemos que todos havamos de mergulhar nesse mesmo último sono, de volver a essa mesma inércia, a esse mesmo pó. Mas, não é nesse envoltório que pomos a nossa glória e a nossa esperança. Tomba o corpo, a alma permanece e retorna ao Espaço. Encontrar-nos-emos num mundo melhor e no céu imenso onde usaremos das nossas mais preciosas faculdades, onde continuaremos os estudos para cujo desenvolvimento a Terra é teatro por demais acanhado.(...) Até à vista, meu caro Allan Kardec, até à vista!"

6 de Janeiro - Dia de Reis

A EPIFANIA DO SENHOR (do grego: Ἐπιφάνεια, : "a aparição; um fenômeno miraculoso") é uma festa religiosa cristã celebrada dia 6 de janeiro, ou seja, doze dias após o Natal.

A Epifania representa a assunção humana de Jesus Cristo, quando o filho do Criador dá-se a conhecer ao Mundo. Na narração bíblica Jesus deu-se a conhecer a diferentes pessoas e em diferentes momentos, porém o mundo cristão celebra como epifanias três eventos: a Epifania propriamente dita perante os magos do oriente (como está relatado em Mateus 2, 1-12) e que é celebrada dia 6 de janeiro, a Epifania a João Batista no rio Jordão e a Epifania a seus discípulos e início de sua vida pública com o milagre de Caná quando começa seu ministério.

No sentido literário, a "epifania" é um momento privilegiado de revelação, quando acontece um evento ou incidente que "ilumina" a vida da personagem. A Igreja Ortodoxa ainda comemora o nascimento de Jesus em 6 de Janeiro. A Igreja Católica Romana, no ano 353, antecipou a data para 25 de Dezembro, coincidindo com o solstício de inverno, numa forma de coibir a festa pagã.

Os Três Reis Magos são personagens da narrativa cristã que visitaram Jesus após seu nascimento. A chegada dos reis magos corroboraria a profecia contida no Salmo 72: "Todos os reis cairão diante dele".

Atribui-se aos magos a tradição de dar presentes no Natal. No ritual da Antigüidade, o OURO era o presente para um rei, o OLÍBANO (incenso) para um religioso representando a espiritualidade e a MIRRA para um profeta (a mirra era usada para embalsamar corpos e, simbolicamente, representava a imortalidade). Melquior ofereceu ouro; Baltasar, incenso e Gaspar, mirra. Estes presentes confirmam o caráter de Jesus - REI, SACERDOTE E PROFETA - como símbolo do reconhecimento que aquela criança pobre que acabara de nascer haveria de se tornar um grande líder mundial e o salvador do mundo.

Desde 1164, os restos mortais dos três reis estão numa urna de ouro na catedral de Colônia, em Köln.

No dia de Reis os devotos fazem simpatias com a finalidade de atrair prosperidade. A romã é símbolo de abundância, de acordo tradição judaica, também representando a fertilidade, pois a fruta lembra um ovário e suas sementes, os óvulos.

É dia de agradar o ODU OBARÁ MEJI (6), o odu da riqueza, regido por Xangô, Oxóssi, Ossanhe, Logun-Edé. Em alguns axés, louva-se o Orixá Ossanhe (em Angola, corresponde ao Inkise Catende; no Jeje, ao Vodun Agué).

25 de Dezembro: ... e a Saturnália virou Natal!

ORIGENS

As origens do Natal remontam aos tempos antes do nascimento de Cristo, quando as culturas antigas celebravam a mudança das estações. No Hemisfério Norte, na Europa, por exemplo, o Solstício de Inverno, que é o dia mais curto do ano, ocorre por volta do dia 25 de dezembro. Estas celebrações eram baseadas no declínio do inverno, já que neste período os animais permaneciam presos, as pessoas ficavam dentro de suas casas, as colheitas não cresciam etc. Sabiam que o inverno passava da metade e por isso faziam deste um tempo de celebração.

No antigo sistema religioso romano, Saturno era o deus da agricultura e do tempo. Cada ano, durante o verão, o deus Júpiter forçaria Saturno para fora da sua posição dominante e os dias iriam se tornando mais curtos. No templo de Saturno em Roma, os pés de Saturno eram simbolicamente amarrados com correntes até os Solstícios de Inverno, quando os dias começavam a se alongar novamente. Era este Solstício de Inverno um tempo de celebração e de troca de presentes, já que a dureza do inverno começava a desvanecer e os dias a se tornarem mais longos. 25 de Dezembro, especialmente, coincidia com o dia do nascimento do deus-sol chamado Fírgia na cultura antiga dos Bálcãs. Também coroava-se um rei que fazia o papel de Saturno. Esta festa era chamada SATURNÁLIA. Era celebrada todos os 17 de Dezembro. Ao longo dos tempos, foi alargada à semana completa, terminando a 23 de Dezembro.

Saturno, equivalente ao grego CRONOS, era um dos titãs, filho do Céu e da Terra. Com uma foice dada por sua mãe mutilou o pai, tomando o poder entre os deuses. Expulso do céu por seu filho Júpiter (Zeus), refugiou-se no Lácio, onde fez reinar a paz e a abundância, tendo ensinado aos homens a agricultura.

Convém lembrar aqui que o Solstício de Inverno era uma data muito importante para as economias agrícolas – e os Romanos eram um povo de agricultores. Fazia-se tudo para agradar os deuses e pedir-lhes que o Inverno fosse brando e o sol retornasse ressuscitado no início da Primavera. Como Saturno estava relacionado com a agricultura é fácil perceber a associação do culto do deus ao culto solar.

Mas outros cultos existiam também, como é o caso do deus Apolo, considerado como "Sol Invicto", ou ainda de Mitra, adorado como Deus-Sol. Este último, muito popular entre o exército romano, era celebrado nos dias 24 e 25 de Dezembro data que, segundo a lenda, correspondia ao nascimento da divindade. Em 273 o Imperador Aureliano estabeleceu o dia do nascimento do Sol em 25 de Dezembro: Natalis Solis Invicti (nascimento do Sol invencível).

É somente durante o século IV que o nascimento de Cristo começa a ser celebrado pelos cristãos (até aí a sua principal festa era a Páscoa), mas no dia 6 de Janeiro, com a Epifania. Quando, em 313, Constantino se converte e oficializa o Cristianismo, a Igreja Romana procura uma base de apoio ampla, procurando confundir diversos cultos pagãos com os seus. Desistindo de competir com os festejos da Saturnália, nos quais não se permitia a participação, a Igreja Romana adotou o feriado e tentou convertê-lo na celebração do nascimento do Senhor. Eles a chamavam Festa da Natividade. Esta adoção foi incorporada à cultura ocidental desde então. O Papa Gregório XIII fez o resto: é mais fácil mudar o calendário do que mudar a apetência do povo pelas festas.

A celebração do Natal de Jesus foi instituída oficialmente pelo bispo romano Libério, no ano 354 d.C. Na realidade, a data de 25 de Dezembro não é a data real do nascimento de Jesus. A Igreja entendeu que devia cristianizar as festividades pagãs que os vários povos celebravam por altura do Solstício de Inverno.

Assim, em vez de proibir as festividades pagãs, forneceu-lhes simbolismos cristãos e um nova linguagem cristã. As alusões dos padres da igreja ao simbolismo de Cristo como "o Sol de Justiça" (Malaquias 4:2) e a "Luz do Mundo" (João 8:12) expressam o sincretismo religioso.

As evidências confirmam que num esforço de converter pagãos, os líderes religiosos adotaram a festa e tentaram fazê-la parecer “cristã”.

Há muito tempo se sabe que o Natal tem raízes pagãs. Por causa de sua origem não-bíblica, no século 17 essa festividade foi proibida na Inglaterra e em algumas colônias americanas. Quem ficasse em casa e não fosse trabalhar no dia de Natal era multado. Mas os velhos costumes logo voltaram, e alguns novos foram acrescentados. O Natal voltou a ser um grande feriado religioso, e ainda é em muitos países.

ÁRVORE DE NATAL E MUSGO

Um dos símbolos da vida encontrados na celebração da Saturnália era o uso de árvores verdes. Estas plantas que permaneciam verdes durante todo o ano eram, freqüentemente, usadas nas diferentes culturas como símbolo de vida e renascimento. Elas eram, algumas vezes, decoradas como uma forma de adoração nas cerimônias religiosas de algumas culturas e associadas à fertilidade.

O musgo era considerado uma planta curativa e era usado em muitas práticas médicas antigas. Os celtas acreditavam que a planta, que é um parasita das árvores verdes, continha a alma das árvores onde eles viviam. Os druídas usavam o musgo em suas cerimônias religiosas. Os sacerdotes druídas os cortavam e os distribuíam ao povo que os colocavam sobre as portas das suas casas. Eles supunham que isto os protegeria de várias formas de mal.

É encarado universalmente como o dia consagrado à reunião da familia, à paz, a fraternidade e solidariedade ente os homens.

Halloween / Todos os Santos / Finados

A comemoração do HALLOWEEN, difundida pelos Estados Unidos, teve origem nas celebrações pagãs dos celtas. Eles eram um povo pagão, isto é, que viviam em harmonia com o pagus (campo, natureza). Pagão vem do latim "paganus", que significa "do campo", em oposição ao "urbanus", "da cidade".

Os CELTAS eram um povo (ou grupo de povos) da família língüística indo-européia que se espalhou pela maior parte da Europa a partir do II milênio a.C, tendo maioria populacional no norte da Europa Ocidental até o advento do Império Romano. As tribos célticas ocuparam a maior parte do continente europeu, desde a Península Ibérica até a Anatólia. A maior parte dos celtas foi conquistada, subjugada, e mais tarde integrada pelos Romanos.

Existiam diversos grupos celtas compostos de várias tribos, entre eles os Bretões, os Gauleses, os Escotos, os Eburões, os Batavos, os Belgas, os Gálatas, os Trinovantes, entre outros. Muitos destes grupos deram origem aos nomes das províncias romanas na Europa que mais tarde batizaram alguns dos estados-nações medievais e modernos da Europa.

Os celtas são considerados os introdutores da metalurgia do ferro (Idade do Ferro) na Europa (culturas de Hallstatt e La Tène), bem como das calças na indumentária masculina (embora essas sejam provavelmente originárias das estepes asiáticas). Do ponto de vista da independência política, grupos celtas perpetuaram-se até pelo menos o século XVII na Irlanda, o país em que melhor se preservaram as tradições de origem celta. Outras regiões européias que também se identificam com a cultura celta são o País de Gales (uma entidade subnacional do Reino Unido). A Cornualha (Reino Unido), a Bretanha (França), o norte de Portugal e a Galiza também são regiões onde resquícios das línguas e costumes celtas são encontrados até hoje. A influência cultural celta jamais desapareceu, e tem até mesmo experimentado um ciclo de expansão em sua antiga zona de influência.

A religião celta era politeísta e seus ritos quase sempre realizados ao ar livre. Discute-se ainda hoje se algumas de suas cerimônias envolviam sacrifícios humanos. O calendário anual possuía várias festas místicas, como o Imbolc (ou Oilmec/Oimelc - homenagem à deusa Brigida. É quando a terra está pronta para ser fertilizada e preparada para receber as sementes. Época de festas alegres e comidas leves, se inicia tradicionalmente no dia 2 de fevereiro) e o Belthane (Beltane/Beltaine - Comemorado na noite de 1 de maio, é o festival do deus Bel/Belennus, onde se acendem grandes fogueiras em sua homenagem e comemoram a parte quente do ano que se inicia. É um festival de fertilidade, onde se celebra a passagem da Deusa de Donzela a Mãe), assim como Equinócios e Solstícios.

Com a assimilação por Roma, os deuses celtas perderam suas características originais e passaram a ser identificados com seus correspondentes e similares romanos. Posteriormente, com a ascensão do Cristianismo, a Velha Religião foi sendo gradualmente abandonada, sem nunca ter sido totalmente extinta.

Todavia, o principal movimento neo-pagão moderno, a Wicca, embora contenha alguns elementos celtas não é céltica nem representa a cultura do povo celta. Ela tem sua origem na obra de ocultistas do século XX, como Gerald Brousseau Gardner e Alesteir Crowley.


ORIGEM

A origem do Halloween remete às tradições desse povo que habitou a Gália e as ilhas da Grã-Bretanha entre os anos 600 a.C. e 800 d.C. A história, logo, está bastante distante das abóboras ou da famosa frase Travessuras ou Gostosuras, exportada pelos Estados Unidos, que popularizaram a comemoração. Em sua origem, o Halloween não tinha relação com bruxas.

O SAMHAIN (pronuncia-se "sou-en"), também chamado de Halloween, Hallowmas, Véspera de Todos os Sagrados, Véspera de Todos os Santos, Festival dos Mortos e Terceiro Festival da Colheita, é o mais importante dos oito Sabbats dos Bruxos. Como Halloween, é um dos mais conhecidos de todos os Sabbats fora da comunidade wiccana e o mais mal-interpretado e temido. Samhain celebra o final do Verão, governado pela Deusa (o nome Samhain significa "Final do Verão").

Samhain é também o antigo Ano Novo celta / druida, o início da estação da cidra, um rito solene e o festival dos mortos. É o momento em que os espíritos dos seres amados e dos amigos já falecidos devem ser honrados. Houve uma época na história em que muitos acreditavam que era a noite em que os mortos retornavam para passear entre os vivos. A noite de Samhain é o momento ideal para fazer contato e receber mensagens do mundo dos espíritos.

Era um festival do calendário celta da Irlanda, que ia de 30 de outubro a 2 de novembro. O fim do verão era o ano-novo dos celtas, uma data sagrada e, nesse período, o véu entre nosso mundo e o mundo dos mortos (ancestrais) e dos deuses (mundo divino) fica mais tênue. Por isso, o Samhain era comemorado por volta do dia 1.º de novembro, com alegria e homenagens aos que já partiram e aos deuses. Para os celtas, os deuses também eram seus ancestrais, os primeiros de toda árvore genealógica.

Entre o pôr-do-sol do dia 31 de outubro e 1.º de novembro, ocorria a noite sagrada (hallow evening, em inglês) que deu origem ao nome atual da festa: Hallow Evening - Hallowe'en - Halloween. A relação da data com as bruxas começou na Idade Média, na Inquisição, quando a Igreja condenava curandeiras e pagãos. Todos eram designados bruxos. Essa distorção se perpetuou e o Halloween, levado aos Estados Unidos pelos irlandeses (povo de etnia e cultura celta) no século 19, ficou conhecido como Dia das Bruxas.

Atualmente, além das práticas de pedir doces e de se fantasiar que se popularizaram inclusive no Brasil, podemos encontrar pessoas que celebram à moda celta, como os praticantes do druidismo (o druida era o sacerdote dos celtas) ou da wicca (bruxaria moderna), também aqui mesmo no Brasil. Um ritual simples para a noite de 31/10 é o de acender uma vela numa janela de casa, em homenagem a seus ancestrais, para que eles te inspirem e protejam.

Muitos grupos se reúnem e meditam em volta de fogueiras para honrar seus mortos e seus deuses, com oferendas como frutas e flores, e terminam a festa compartilhando comida e bebida, música e dança.

Com a cristianização, foram introduzidas pela Igreja Católica Romana “versões” desta festa a fim de reprimir as manifestações pagãs. Essa celebração se dividiu em duas: o Dia de Todos os Santos e o Dia de Finados. O Dia de Todos os Santos surgiu das homenagens aos deuses do Samhain. As entidades pagãs viraram santos católicos. Foi o que aconteceu com a deusa Brighid, que virou Santa Brígida. A Festum omnium sanctorum é celebrada em honra de todos os santos e mártires, conhecidos ou não. O segundo festejo, comemorado no dia 2, surgiu para homenagear os ancestrais, os mortos. Desde o século I, os cristãos rezavam pelos falecidos, visitando os túmulos dos mártires para rezar pelos que morreram. No século V, a igreja dedicava um dia do ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém lembrava. Desde o século XI os papas obrigam a comunidade a dedicar um dia aos mortos, observado pela Igreja Católica Apostólica Romana como um dia sagrado de preces pelas almas do purgatório.

Em várias regiões da Inglaterra acredita-se que os fantasmas de todas as pessoas destinadas a morrer naquele ano podem ser vistos andando entre as sepulturas à meia-noite de Samhain. Pensava-se que alguns fantasmas tinham natureza má e, para proteção, faziam-se lanternas de abóboras com faces horrendas e iluminadas, que eram carregadas como lanternas para afastar os espíritos malévolos. Na Escócia, as tradicionais lanternas Hallows eram esculpidas em nabos.

Um antigo costume de Samhain na Bélgica era o preparo de "Bolos para os Mortos" especiais (bolos ou bolinhos brancos e pequenos). Comia-se um bolo para cada espírito de acordo com a crença de que quanto mais bolos alguém comesse, mais os mortos o abençoariam. Outro antigo costume de Samhain era acender um fogo no forno de casa, que deveria queimar continuamente até o primeiro dia da Primavera seguinte. Eram também acesas, ao pôr-do-sol, grandes fogueiras no cume dos morros em honra aos antigos deuses e deusas, e para guiar as almas dos mortos aos seus parentes.

Era no Samhain que os druidas marcavam o seu gado e acasalavam as ovelhas para a Primavera seguinte. O excesso da criação era sacrificado às deidades da fertilidade, e queimavam-se efígies de vime de pessoas e cavalos, como oferendas sacrificiais. Diz-se que acender uma vela de cor laranja à meia-noite no Samhain e deixá-la queimar até o nascer do sol traz boa sorte; entretanto, de acordo com uma lenda antiga, a má sorte cairá sobre todo aquele que fizer pão nesse dia ou viajar após o pôr-do-sol.

As artes divinatórias, como a observação de bola de cristal e o jogo de runas, na noite mágica de Samhain, são tradições wiccanas, assim como ficar diante de um espelho e fazer um pedido secreto.

Os alimentos pagãos tradicionais do Sabbat Samhain são maçãs, tortas de abóbora, avelãs, Bolos para os Mortos, milho, sonhos e bolos de amoras silvestres, cerveja, sidra e chás de ervas.


OBJETOS RITUALÍSTICOS

Incensos: maçã, heliotropo, menta, noz-moscada e sálvia.

Cores das velas: preta, laranja.

Pedras preciosas sagradas: todas as pedras negras, especialmente azeviche, obsidiana e ônix.

Ervas e frutas tradicionais: bolotas e folhas de carvalho, giesta, maçãs, beladona, dictamo, fetos, linho, fumária, urze, verbasco, abóboras, sálvia e palha.

Xangô e os Santos Juninos

As festas juninas têm uma evidente conotação com o trabalho agrícola, por se tratar de uma manifestação que retrata a abundância da messe. Representam a sementeira, o curso do cultivo e a colheita, seguidas pelas comemorações festivas, quando se agradece pela safra e se faz um pedido para que a próxima semeadura tenha os mesmos resultados.

Os agricultores precisavam da fertilidade da terra a das condições benéficas do clima, recorrendo por isso à proteção dos deuses e dos elementos da natureza: a Terra, a Água, o Ar e, principalmente, o Fogo, revitalizador e transformador.

Daí o costume de acender fogueiras para afugentar os maus espíritos, de enfeitar as árvores, de dançar e cantar em regozijo e agradecimento. Durante muitos anos os rituais de fertilidade foram muito importantes para todos os povos e perduraram através dos tempos. Na era cristã não havia como ignorá-los, mesmo sendo considerados pagãos.

Por isso os festejos de solstício de verão em diversas partes da Europa e Oriente Médio, foram de certo modo absorvidos pela Igreja Católica como forma de dissipar estes cultos não-cristãos, sendo incorporados às comemorações do dia de São João, que teria nascido em 24 de junho, dia do solstício.

Foram trazidas ao Brasil pelos portugueses, que já as celebravam na Europa, desde tempos mais remotos. Neste país foi incluída a festa de Santo Antônio, em 13 de junho e a tradição houve por bem completar o ciclo com os festejos de São Pedro e São Paulo, ambos apóstolos grande maior importância, homenageados em 29 de junho.

As festas juninas, hoje altamente difundidas nas áreas urbanas, homenageiam Santo Antônio, São João e São Pedro. Durante a noite inteira, se dança, canta e consome-se alimentos chamuscados pelo fogo e bebidas originárias dos produtos da terra. Tudo isso acontece em pátios enfeitados com bandeirinhas, mastros e muitas barraquinhas onde todos dançam a quadrilha.

A relação da Umbanda com os santos juninos se dá pelo sincretismo. Com São João, o Batista, por exemplo, se dá pelo fato da fogueira o relacionar a Xangô, o orixá do fogo, e conseqüentemente, aos rituais da Roda de Xangô, ilustre celebração dedicada a este Orixá, realizada junto à fogueira, onde são entoadas as rezas ao antigo Alafin de Oió.

De acordo com os Evangelhos, o pescador Simão Pedro foi o primeiro dos discípulos a professar a fé de que Jesus era o filho de Deus. Jesus confiou a ele que sua palavra fosse perpetuada e simbolicamente lhe foram entregues “as chaves do Reino do Céu”, que seriam suas leis, seus ensinamentos que nos conduziriam às moradas divinas. Por esta razão que São Pedro é representado com chaves na mão e a tradição apresenta-o como porteiro do Paraíso. Xangô é o Orixá da Justiça e as chaves representariam a Lei Universal, Divina. Talvez alguém conclua que Pedro significa pedra, e pedra vem de pedreira, ponto de força de Xangô, mas seria uma conclusão por demais forçosa. Kaô Kabecile!

Yemanjá - Oxum - Sereias - Nereidas - Ondinas - Iaras

YEMANJÁ - Yà-omo-ejà (mãe cujos filhos são peixes). Filha do deus do mar Olokum (em algumas culturas, Olokum é um orixá feminino), Yemanjá encontra-se no curso dos rios e quando chega à foz, estaria encontrando com seu pai. A saudação “Odoyá” significa Odo – rio / Yá – mãe. Algumas de suas qualidades são Ogunté (esposa de Ogun Alagbede), Sesu (esposa de Orunmilá), Sobà (mensageira de Olokum), Iamassê (mãe de Xangô). É mãe da maioria dos Orixás e de todas as cabeças. No Brasil, é cultuada com a Rainha dos Mares, sendo um dos orixás mais populares. Há um itàn (lenda) que descreve como se originou os oceanos. Exu, seu filho, se encantou por sua beleza e quis tomá-la à força, tentando violentá-la. Uma grande luta se deu, e bravamente Iemanjá resistiu à violência do filho que, na luta, dilacerou os seios da mãe. Enlouquecido e arrependido pelo que fez, Exu "caiu no mundo", desaparecendo no horizonte. Caída ao chão, Iemanjá entre a dor, a vergonha, a tristeza e a pena que teve pela atitude do filho, pediu socorro ao pai Olokum e ao criador Olorum. E, dos seus seios dilacerados, a água, salgada como as lágrimas, foi saindo dando origem aos mares. Exu, pela atitude má, foi banido para sempre da mesa dos orixás, tendo como incumbência eterna ser o guardião, não podendo juntar-se aos outros na corte.

OXUM - seu nome deriva do rio Osun, que corre na região nigeriana de Ijexá. Os iorubás acreditam haver 16 qualidades de Oxum que se relacionam cada qual a uma profundidade desse rio. As mais velhas ou mais antigas são encontradas nos locais mais profundos, enquanto as mais jovens respondem pelos mais rasos. Divindade das águas doces, é a padroeira da gestação e da fecundidade. Deusa do amor, da prosperidade e da beleza, em sua qualidade Ipondá é a mãe de Logunedé. É chamada de Senhora do Ouro.

SEREIAS - figuras míticas da tradição grega, descritas como "terríveis criaturas com cabeças e vozes de mulheres, mas com corpos de pássaros, que existiam com o propósito de atrair marinheiros para as rochas de sua ilha com doces canções". Elas figuram uma das mais célebres obras da literatura universal, a Odisséia de Homero, que relata a aventura do herói grego Ulisses em sua viagem de volta para casa após a guerra de Tróia. Estas deidades, que habitavam rochedos entre a ilha de Capri e a costa da Itália, tiveram suas imagens corrompidas através dos tempos e da oralidade, chegando ao termo atualmente conhecido de "metade-mulher, metade-peixe". E as figuras com cabeça de mulher e corpo de pássaro se consolidaram com a denominação de “Hárpias”, e são citadas no poema épico Eneida de Virgílio.

NEREIDAS – cinqüenta ninfas marinhas gregas, filhas do deus Nereu, este filho do Oceano, todos deuses do mar que antecederam o reinado de Posseidon (Netuno romano). Chamam-se Deuses Titânicos, ou seja, são os mais primitivos, antecessores dos deuses Olímpicos, que eram comandados por Zeus (Júpiter romano). As nereidas salvavam os náufragos, ao contrário das sereias, que os atraíam para a morte.

ONDINAS – são as nove filhas dos temíveis deuses marinhos nórdicos (vikings) Aegir e Ran. Os marinheiros ofereciam sacrifícios a essas divindades a fim de apaziguá-las, para poderem velejar sem contratempos.

IARA – figura folclórica brasileira, habitante dos rios, onde vive a banhar-se entoando melodia irresistível que encanta os homens e os atrai para o fundo dos rios. É temida pelos índios.

O que toda esta referência mitológica tem a ver com a Umbanda? Sabemos que a Umbanda “acomoda” várias manifestações religiosas sob sua nomenclatura. Não absorvemos completamente os conceitos primitivos do culto afro, apenas temos as referências dos Orixás como elementos da Natureza e sob tais irradiações organizam-se falanges, legiões de espíritos afins a tais vibrações. Yemanjá comanda a linha do Povo d’Água, de limpeza e descarrego, onde Nanã e Oxum também regem. Para tornarem mais fácil a nossa compreensão, as entidades tomam para si os nomes de Sereias, Nereidas, Ondinas e Iaras para que possamos alcançar dentro de nosso entendimento a qual vibração pertencem, qual tipo de trabalho exercem. Janaína, Inaê, Guiomar entre outras, de modo algum são qualidades de orixá; tratam-se de eguns (espíritos desencarnados) que têm a mesma sintonia e se aglutinam sob o mesmo propósito.

Estas deidades mitológicas são obras da imaginação do homem, que humaniza a divindade para poder compreendê-la, dentro de seus parâmetros. Sabemos que como médiuns, captamos a influência de espíritos que como nós também foram humanos quando encarnados. Portanto, a impossibilidade de um ser humano ter cauda de peixe obriga-nos a observar com atenção às “incorporações” destas entidades, onde os médiuns ficam ao chão “batendo pernas”, se arrastando ou rolando. Doutrina mediúnica é importante neste momento. A maioria dos médiuns é consciente, e de um modo geral, a sua vontade prevalece ao lado da vibração da entidade. Cabe aos médiuns mais experientes “moldarem” os iniciantes, para que estes tipos de manifestações bizarras não se tornem um vício.