Monday, February 12, 2007

Festejos Judaico-Cristãos e Umbanda

CINZAS – dia que sucede os festejos pagãos do Carnaval, no qual os católicos cristãos são marcados na testa com cinzas, simbolizando a conversão para a vida em Cristo, a reflexão sobre a mudança de vida, recordando a passageira, transitória, efêmera fragilidade da vida humana, sujeita à morte. O fogo, símbolo do Espírito Santo, também expurga os resquícios pecaminosos da ‘festa da carne’.

QUARESMA – esta tradição advém do Judaísmo. No Livro do Êxodo (terceiro do Antigo Testamento, que forma com a Genesis, Deutoronômio, Levítico e Números o PENTATEUCO ou Torá, a pedra fundamental do Judaísmo), há o relato da odisséia do povo de Israel, fugindo do jugo do faraó rumo à Terra Prometida, guiados por Moisés. Esta passagem, cheia de incertezas, durou 40 anos. Foi relembrada por Jesus quando este retirou-se para o deserto, ficando lá por 40 dias. Um ato de abnegação que tinha objetivo de provar aos israelitas que ele fazia parte daquele povo, sofria com ele e era o Messias que estes aguardavam, para cumprir as leis e apresentar-lhes o Deus de Amor e Misericórdia no lugar da figura punitiva e implacável. O jejum e outras penitências remetiam às dificuldades da viagem de seus ancestrais. Este preceito, inspirado no ato de Jesus, foi imposto pela Igreja Católica e tem várias restrições, dentre as quais a proibição de se comer carne vermelha, em respeito ao corpo do Cristo. Neste período, os santos nas igrejas ficavam cobertos com panos roxos, em sinal de respeito à dor de Maria por seu filho.

RAMOS – chegada de Jesus à Jerusalém para comemorar a Páscoa Judaica. O povo cortou ramos de árvores, ramagens e folhas de palmeiras para cobrir o chão onde Jesus passava montado num jumento. Com folhas de palmeiras nas mãos, o povo o aclamava “Rei dos Judeus”, “Hosana ao Filho de Davi”, “Salve o Messias”. E assim, Jesus entra triunfante em Jerusalém, despertando nos sacerdotes e mestres da lei muita inveja, desconfiança, medo de perder o poder. Começa então uma trama para condenar Jesus à morte.

SANTA CEIA – confraternização entre Jesus e seus apóstolos, exortando-os a continuarem propagando sua obra. É de onde surgiu o sacramento da Eucaristia praticado pela Igreja Católica Apostólica Romana. "E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da Nova Aliança no meu sangue derramado em favor de vós." (Lucas 22:19-20)

6ª FEIRA DA PAIXÃO – ‘De novo bradou Jesus com grande voz, e entregou o espírito. E eis que o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo; a terra tremeu, as pedras se fenderam, os sepulcros se abriram, e muitos corpos de santos que tinham dormido foram ressuscitados; e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos. Ora, o centurião e os que com ele guardavam Jesus, vendo o terremoto e as coisas que aconteciam, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era filho de Deus.’ – (Mateus 27, 50-54)

ALELUIA – dia de Nossa Senhora das Dores, em sofrimento pela paixão do Cristo. Os populares ‘malham’ o Judas.

PÁSCOA – A Páscoa Judaica, ou Pessach, celebra a chegada à Canaã, a Terra Prometida. É o início de uma nova vida, em liberdade. A Páscoa Cristã também é um recomeço, quando Jesus ‘ressuscita’, em toda a sua glória, para a vida plena, liberta dos grilhões do invólucro terreno.

UMBANDA - Em muitos terreiros de Umbanda, as casas param suas atividades ou restringem os trabalhos apenas aos pretos velhos e exus, considerando que Orixás se recolhem na Aruanda e caboclos no Juremá para velarem por nós, num período considerado ‘conturbado e tomado de energias negativas’. Tudo isso por conta da autoridade dogmática da Igreja Católica que atravessa os séculos e que ainda prevalece nos dias atuais dentro da Umbanda por equívoco ou desconhecimento dos pais e mães de santo.

A 6ª feira da Paixão é vista por muitos como um ‘dia de queimação’ por conta da crença de que as trevas sobrepujam a luz (de acordo com a passagem Evangelho de Mateus supracitada), tornando-nos vulneráveis. Mais uma vez o sincretismo influencia negativamente, porque os médiuns tendem a cultuar sentimentos pesarosos, tal como os católicos, baixando assim seu campo vibratório e tornando-se suscetíveis. Nas tendas de Umbanda, os médiuns ficam recolhidos em vigília, passam pelo ritual do amaci e cruzamento com pemba (ou cura) para o fortalecimento do ori e fechamento do corpo, respectivamente. Faz-se também uma mesa branca para Oxalá com canjica, acaçá etc. Distribui-se pão e vinho (e as respectivas matérias-primas, a uva e o trigo, símbolos de fartura, abundância e riqueza desde a Antiguidade) em memória da Última Ceia. O sincretismo reforçou o dia de culto a Oxalá na 6ª feira. Há tendas onde no sábado de Aleluia festeja-se ‘a volta dos caboclos e dos Orixás’. Nas casas mais ‘africanizadas’, utilizam-se a partir da 4ª feira de Cinzas as amarras anti-egum (ou contra-egum), trançados de palha da costa atados aos braços, tornozelos e cintura (umbigueiras) com a função de afastar os espíritos baixos.

CONCLUSÃO: A origem de tais celebrações provém da tradição judaico-cristã. Mesmo que a Umbanda acomode conceitos de várias religiões, não há porque permanecer cultuando estas datas forçando-lhes conotações dolorosas. É nosso dever propagar a mensagem de amor, fé, caridade trazida pelo Cristo e não nos martirizar pela suposta responsabilidade do sofrimento que lhe imputamos. Nossos hábitos, atitudes e pensamentos formam uma egrégora que vibra de acordo com nossas tendências - positivas ou negativas. As entidades de luz não se afastam de nós a seu bel-prazer, nós é que não fazemos bom uso do livre arbítrio e agimos à margem das boas orientações. Os guias são a nossa consciência. Quando ignoramos seus alertas, ficamos a cargo das conseqüências de nossos atos estúpidos. Ao rogarmos por ajuda, lá estão eles com a mão estendida a nos oferecer apoio e consolo. Deixemos os terreiros abertos para receber os necessitados de um passe, uma orientação - aqueles que estão doentes da alma.

Friday, February 09, 2007

Chakras

CHAKRA palavra originária do sânscrito, significa ‘roda ou disco’. Ficam na superfície do perispírito. Os centros de energia fluídica, chamados chakras, são através deles que se emanam o prana (energia vital). São criadores das glândulas (sistema endócrino). Entre essas glândulas, a pineal representa um papel importante no desenvolvimento do homem, pois ela reativa e restabelece a ligação direta com o mental superior, ampliando a consciência e determinando a chamada 3a visão. Depois do prana penetrar no chakra, a energia primária volta a irradiar de si mesma em ângulos retos, como se o centro do vórtice fosse o cubo de uma roda e as radiações de energia primária os seus raios, que enlaçam o duplo etérico com o corpo astral. O número de raios difere em cada um dos chakras e determina o número de ondas ou pétalas que possuem. Cada uma das energias secundárias que fluem ao redor do vórtice tem sua peculiar longitude de onda e uma luz de determinada cor. Mas em vez de se mover em linha reta, move-se em ondas relativamente amplas e de diversos tamanho e o número de ondulações está determinado pelo número de raios do vórtice. As funções dos vórtices são as de manter transferências energéticas entre a totalidade do ser humano ou intercâmbios entre sua presença biopsicoespiritual e as energias externas. Cada nível de energia opera com seus respectivos centros e tratando-se dos vórtices localizados no corpo etérico, as transferências energéticas serão as que correspondem a essa modalidade. Quando já totalmente desenvolvidos, assemelham-se a círculos de uns 5cm de diâmetro, que brilham timidamente no homem, mas que, ao se excitarem, aumentam de tamanho e se mostram com refulgentes torvelinhos, parecendo dimimutos sóis. Pelo aspecto se compreenderá que os chakras diferem de tamanho e de brilho, segundo a pessoa e ainda, no mesmo indivíduo, podem ser uns mais vigorosos do que os outros. No homem bastante desenvolvido, aparecerá maior e mais radiante, emitindo fúlgidos raios de ouro, passando por eles, portanto, uma quantidade muito maior de energia, tendo assim um aumento de suas faculdades de potências. Segundo seu tamanho e funções, os vórtices podem ser classificados em magnos, grandes, médios e pequenos. Os magnos são os de maior tamanho e importância e estão vinculados com importantes zonas ou órgãos do corpo humano.

CHAKRA UMERAL

Fica nas costas, na altura da omoplata esquerda. É o chakra espiritual, pois através dele que as energias se conectam. É o chakra mediúnico e de proteção, porque equilibra as energias positivas e negativas em excesso. É um gerenciador energético. Não tem vórtices, mas há 02 hélices (pétalas) que giram no sentido horário quando captam energias (incorporação) e no anti-horário quanto repelem energias (desincorporação). Tem coloração variável, mas o azul claro e o verde são predominantes. Oscila entre as outras matizes de acordo com a energia que está sendo captada.

CHAKRA CORONÁRIO ('corona' – coroa) OU SAHARRARA

Está situado na zona superior da cabeça, coroando a mesma. É o mais iluminado de todos quando está em plena atividade, pois oferece abundância de indescritíveis efeitos cromáticos e vibra com muita rapidez. Parece conter todas as matizes do espectro, ainda que no conjunto predomine o branco e o violeta. Os livros da Índia o denominam "a flor de 1.000 pétalas", pois são 960 as radiações da energia primária que recebe. Este chakra apresenta uma particularidade em seu desenvolvimento: no princípio, é como todos os demais chakras - uma depressão no duplo etérico pela qual penetra a energia divina, mas quando o homem evolui, o chakra coronário reverte de dentro para fora e já não é um canal receptor, mas um foco radiante de energia. No homem evoluído, fulgura com tanto esplendor que emerge em sua cabeça como uma verdadeira coroa. O talo deste vórtice termina na glândula pineal.

CHAKRA FRONTAL OU AJNA

Está situado entre as sobrancelhas e parece dividido em 02 metades. Uma em que predomina a cor rosada e a outra uma espécie de azul-violeta. Se observarmos as ondulações análogas às dos chakras anteriores, veremos que cada uma de suas metades está subdividida em 48 ondulações ou seja, 96 pétalas. O brusco salto no número de raios demonstra que são chakras de uma ordem inteiramente distinta da ordem dos atá agora falados. Seu talo enerva-se passando pela zona média das glândulas hipófise e continua até terminas no espaço compreendido entre a 1a e a 2a vértebras cervicais.

CHAKRA LARÍNGEO OU VISHUDDHA

Está situado na garganta, na base do pescoço, e tem 16 raios. Embora haja bastante do azul em sua cor, o tom predominante é o prata brilhante, parecido com a luz da lua e em seus raios predominam, alternados, o azul e o verde. Este chakra tem relação com a glândula tireóide e seu talo pode terminar nela, como também pode ter conexões variáveis.

CHAKRA CARDÍACO ('cardia' - coração) OU ANAHATA

Está situado na zona do coração. É relacionado com o plexo nervoso, de mesmo nome. É brilhante da cor do ouro, e cada um de seus quadrados está dividido em 03 partes, tendo assim 12 ondulações, pois sua energia primária se subdivide em 12 pétalas. Seu talo canaliza-se pelo orifício da mama esquerda, atravessa o plexo cardíaco e termina no espaço compreendido entre a 1a e a 2a vértebras dorsais.

CHAKRA UMBILICAL OU MANIPURA

Está situado no umbigo, faz parte do plexo solar e recebe a energia primária que se subdivide em 10 radiações, de modo que vibra como se estivesse dividido em 10 pétalas. Está totalmente ligado com os sentimentos e emoções. Sua cor predominante é a mistura de vermelho e verde, predominando o verde. Este chakra atravessa o plexo solar e termina na coluna vertebral entre a 8a e a 9a vértebras dorsais.

CHAKRA ESPLÊNICO ('splen' – baço) OU SWUADHISHTANA

Está situado no baço e sua função é subdividir e difundir a vitalidade solar. Esta vitalidade surge neste chakra, subdividida em 07 modalidades; 06 correspondem aos seis raios do chakra e a 7a fica concentrada no centro. Tem portanto, 06 pétalas de diversas cores e é muito radiante. Sua cor predominante é o rosa avermelhado. Seu talo atravessa o plexo hepático e vai terminar na zona compreendida entre a 1a e a 2a vértebra lombar. Órgãos: fígado, rim e baço.

CHAKRA BÁSICO OU MULADHARA

Situado no cóccix. Recebe uma energia primária que emite 04 raios entre vermelhos e alaranjados com um vazio entre eles, resultando aí estarem como que assinalados como o sinal da cruz. Por isso, costuma-se usar a cruz como símbolo deste chakra. Seu talo atravessa o plexo pélvico e hipogástrico e termina entre a 1a vértebra sacra e a 1a cóccica.

Thursday, February 08, 2007

Orixás, Entidades e os Dias da Semana

2ª FEIRA: EXU (ORIXÁ E ENTIDADE), OMOLU, NANÃ, PRETOS VELHOS

3ª FEIRA: OGUM

4ª FEIRA: XANGÔ, YANSÃ, OBÁ

5ª FEIRA: OXÓSSI, OSSANHE, OXUMARÊ, LOGUN-EDÉ, CABOCLOS (DE PENA E BOIADEIROS)

6ª FEIRA: OXALÁ

SÁBADO: YEMANJÁ, OXUM, NANÃ, YEWÁ, MARINHEIROS

DOMINGO: IBEIJADA

Mitologia e Carnaval

O Carnaval que conhecemos é uma festa bem brasileira, embalada por ritmos africanos. Mas o reinado de Momo foi implantado no Brasil pelos portugueses. E as origens do carnaval europeu estão ligadas às festas populares em honra de dois importantes deuses pagãos: Dioniso ou Baco e Cronos ou Saturno.

Segundo a mitologia, Dioniso era filho de Zeus, o Deus Supremo do panteão grefo, com a mortal Sêmele, princesa de Tebas seduzida por ele. Hera, a esposa de Zeus, enciumada, disfarçou-se em ama da princesa e convenceu-a a implorar que Zeus aparecesse para ela em todo o seu esplendor. Como Zeus tinha prometido satisfazer os desejos de Sêmele, mesmo advertindo sua amante dos perigos que poderiam acontecer, apresentou-se na sua forma divina: raios e trovões. O palácio da princesa incendiou-se, e Sêmele consumiu-se em chamas. Zeus, percebendo que ela estava grávida, transferiu o pequeno feto para a sua própria coxa para completar a gestação. Quando ele nasceu, batizou-o Dioniso: aquele que nasce duas vezes.

Para protegê-lo da raiva de sua esposa Hera, Zeus mandou-o ao Oriente para ser criado pelas ninfas e os sátiros. Lá, vivendo em uma gruta, Dioniso passou uma infância e adolescência felizes. Num belo dia, espremendo algumas uvas, Dioniso inventou o vinho, precioso néctar que passou a repartir com sua côrte. A bebida trazia euforia, provocando um frenesi que fazia que todos dançassem ao som de flautas e címbalos. O delírio era uma conseqüência natural.

De volta ao continente europeu, Dioniso levou a cultura do vinho, mas tornou-se um Deus temperamental e muito exigente. Em troca do vinho pedia rituais dramáticos de bodes e muita festa com dança e música. O jovem Deus era extremamente feminino, possuindo longos cabelos e grande poder de sedução. Quando chegava às cidades, enlouquecia as mulheres através do vinho. Os maridos dessas senhoras, é claro, entravam em desespero. Não é difícil de entender porque suas festas fizeram surgir tanto a Tragédia quanto a Comédia.

Tragédia deriva de tragos, que é o nome dado ao bode no idioma grego. Durante as festas anuais do vinho novo, nas cidades da Grécia antiga, alguns participantes se disfarçavam de sátiros, ou seja, metade homem, metade bode. Por isso tragédia significa ‘canto ao bode’. O bode é reconhecido como símbolo de coisas diabólicas e, num certo sentido, o carnaval de hoje é a própria festa do bode. Pois nesses três dias as pessoas usam e abusam dos prazeres carnais.

Homenageando ao deus Dioniso todos cantavam, dançavam e bebiam até cair. Segundo o filósofo Aristóteles, os elementos do ritual dionisíaco eram capazes de levar uma pessoa ao mais extremo entusiasmo. A ponto dela deixar de ser ela mesma e, numa espécie de transe, acreditar que havia se transformado no próprio Dioniso. Depois de ultrapassar esse limite entre o humano e o divino, de acordo com a moral grega, a pessoa precisaria expiar a grave falta cometida. E é por essa razão que os heróis trágicos são duramente punidos ao final de sua trajetória.

A Comédia, por sua vez, do termo grego kosmos, que entre muitos significados quer dizer: canto de um grupo, cordão ou bloco de foliões. O sábio Aristóteles observou em sua Poética, que a comédia nascera da improvisação ‘por parte daqueles que entoavam os cantos fálicos’. Esses cantos acompanhavam as Falafórias, procissões em que o povo carregava a escultura de um grande falo ereto, símbolo da fecundidade. Esse desfile jocoso, muitas vezes composto por mascarados, era parte oficial das Dionisias Urbanas, dedicadas ao deus do vinho. Em muitas aldeias e cidades gregas era comum que jovens batessem de porta em porta, pedindo donativos e aproveitando para provocar os transeuntes. Freqüentemente carregavam bichos nas mãos: peixes, corvos, andorinhas... ou disfarçavam-se em animais imitando antigos rituais zoomórficos, em que os fiéis se assimilavam ao deus que celebravam.

Mais tarde, a Grécia foi dominada pelo Império Romano, mas seus deuses sobreviveram à dominação, com nomes diferentes. Assim, Dioniso passou a chamar-se Baco e para ele os romanos faziam grandes festas. Eram orgias regadas com muito vinho, as famosas Bacanais do Império Romano, que ocorriam no mês de fevereiro. Cronos, o deus grego do tempo, passou a chamar-se Saturno. Em sua honra havia três dias de festas ininterruptas, com grandes desfiles de carros alegóricos enfeitados, que eram chamados de carnevales.

As histórias míticas de Saturno contam que ele devorava os filhos homens que nasciam, cumprindo uma promessa que o levou ao trono. Mas Réia, sua mulher, conseguiu salvar os filhos Júpiter, Netuno e Plutão, dando ao marido pedras para engolir no lugar das crianças. Destronado e expulso do céu pelo filho Júpiter, Saturno exilou-se na Itália. Lá, ele foi bem recebido pela deusa Juno, com quem passou a dividir o trono. A partir desse momento, dedicou-se a civilizar os povos bárbaros que viviam naquele lugar. Deu-lhes leis e ensinou-os a cultivar a terra. Governou com tanta justiça que seu reino era chamado de Idade do Ouro. Saturno era simbolizado por um velho com uma foice, numa alusão clara à ação implacável do tempo.

As Saturnais, ou Saturnália, eram festas romanas em sua homenagem. Durante essas comemorações reinava a mais absoluta liberdade. Os escravos eram servidos por seus senhores e podiam dizer-lhes o que quisessem, não havia aulas, nem julgamentos ou execução de criminosos. Havia troca de presentes e suntuosos banquetes. O mês de dezembro era época de alegria universal. A inversão dos papéis parece ser a tônica das festas desse Deus que, ironicamente, é o fundador da ordem social. A fartura de alimentos, presentes e outros bens materiais representam o prêmio para aqueles que trabalham duro o ano inteiro, regando a terra com o suor do próprio rosto para merecer seus frutos.

Tanto as Bacanais quanto as Saturnais que miticamente inspiraram o Carnaval ocorriam no período que coincide com o Equinócio de Primavera do Hemisfério Norte, que é no mês de março. As Saturnais ocorriam em todas as ‘viradas de estação’, ou seja, nos solstícios de inverno e verão e equinócios de outono e inverno, porque Saturno é o Tempo.

As Lupercais eram as festas em honra de Pã, deus dos pastores, representado com orelhas, chifres e pernas de bode e associado com os bodes e os cães. Trazia sempre consigo uma flauta. Divertia-se assustando as pessoas no campo – daí derivando a palavra ‘pânico’. Ele era lembrado também pela loba que amamentou Rômulo e Remo (figuras míticas da fundação de Roma). Assim, no festival que lhe dedicavam, era costume sacrificar duas cabras e um cão de cujas peles faziam-se chicotes, quando muitos rapazes, nus até a cintura, corriam as ruas de Roma brandindo os chicotes e batendo em todos quanto encontrassem. Daí se originou a tradição dos ‘clóvis’, popularmente conhecidos como ‘bate-bolas’.

Momo e Como são duas outras divindades ligadas ao Carnaval europeu. O primeiro, filho da Noite e do Sono, não fazia absolutamente nada. A única função de Momo era xeretar o trabalho dos outros deuses e os dar palpites que bem entendesse. Ele é o deus da Crítica e da Zombaria. O deus Como rege a alegria e a boa vida. No Brasil, a figura do Rei Momo misturou os deuses Como e Momo num único personagem.

(FONTE: Revista Ano Zero – Fevereiro/1992)

NOTA: Historicamente, o Carnaval é apenas um dia, ou seja, na terça-feira que antecede o Quarta Feira de Cinzas. Por conta dos exageros cometidos em tal festejo que surgiu a denominação ‘Terça Gorda’ (Mardi Gras).

NOTA: Nos dias que antecedem o Carnaval, os Umbandistas fazem firmezas de Exus e Pombogiras para a proteção dos médiuns. Neste período, as pessoas expõem tendências de cunho negativo, os desejos mais ocultos, desrespeitando-se moralmente para satisfazer prazeres carnais sem limites. Através do alcoolismo, consumos de drogas e libertinagem. O campo vibratório destas pessoas torna-se propício à atuação dos kiumbas (obsessores). Os guardiões têm por função não permitir que essas energias ‘invadam’ o espaço daqueles que não coadunam com tais comportamentos. Não é proibido aos médiuns de brincar o Carnaval, mas é obrigatório que tenham responsabilidade consigo mesmos.

GOZO DOS BENS TERRENOS

711. O uso dos bens da Terra é um direito de todos os homens?

“Esse direito é conseqüente da necessidade de viver. Deus não imporia um dever sem dar ao homem o meio de cumpri-lo.”

712. Com que fim pôs Deus atrativos no gozo dos bens materiais?

“Para instigar o homem ao cumprimento da sua missão e para experimentá-lo por meio da tentação.”

a) — Qual o objetivo dessa tentação?

“Desenvolver-lhe a razão, que deve preservá-lo dos excessos.”

Se o homem só fosse instigado a usar dos bens terrenos pela utilidade que têm, sua indiferença houvera talvez comprometido a harmonia do Universo. Deus imprimiu a esse uso o atrativo do prazer, porque assim é o homem impelido ao cumprimento dos desígnios providenciais. Mas, além disso, dando àquele uso esse atrativo, quis Deus também experimentar o homem por meio da tentação, que o arrasta para o abuso, de que deve a razão defendê-lo.

713. Traçou a Natureza limites aos gozos?

“Traçou, para vos indicar o limite do necessário. Mas, pelos vossos excessos, chegais à saciedade e vos punis a vós mesmos.”

714. Que se deve pensar do homem que procura nos excessos de todo gênero o requinte dos gozos?

“Pobre criatura! Mais digna é de lástima que de inveja, pois bem perto está da morte!”

a) — Perto da morte física, ou da morte moral?

“De ambas.”

O homem, que procura nos excessos de todo gênero o requinte do gozo, coloca-se abaixo do bruto, pois que este sabe deter-se, quando satisfeita a sua necessidade. Abdica da razão que Deus lhe deu por guia e quanto maiores forem seus excessos, tanto maior preponderância confere ele à sua natureza animal sobre a sua natureza espiritual. As doenças, as enfermidades e, ainda, a morte, que resultam do abuso, são, ao mesmo tempo, o castigo à transgressão da lei de Deus.

(FONTE: KARDEC, Allan – “O Livro dos Espíritos” – Parte Terceira, Capítulo V)

Sal Grosso e Banho de Mar

SAL - CLORETO DE SÓDIO – NaCl

CLORO (chloros = esverdeado) - germicida e bactericida. Na forma etérea, faz a limpeza do corpo astral, do vital e da aura.

SÓDIO (natrium) - Condutor térmico e eliminador de corpos nocivos à saúde. Na forma etérea, tem a função de condutor e escoador dos miasmas e cargas fluídicas negativas.

Porque não utilizar sal grosso na cabeça?

Embora não seja refinado, passa pelo processo químico do enriquecimento, enquanto que a água do mar não é contra-indicada por ser ‘natural’. Neste ambiente, o IODO (iodes = cor violeta), elemento químico que tem propriedade antisséptica e desinfetante, é largamente encontrado.

Após o banho de sal grosso ou de mar, recomenda-se o de ervas, para a recomposição energética.